A BlackRock acumulou, de forma discreta, 3 % de todo o Bitcoin. Saiba o que isto representa

8/25/2025, 9:55:45 AM
Intermediário
Blockchain
O artigo analisa as motivações e estratégias que sustentam as reservas corporativas em criptoativos e explica ainda como a expansão das tesourarias em cripto tem impulsionado oportunidades significativas de receita para os prestadores de serviços.

Que percentagem do Bitcoin pertence à BlackRock?

A entrada da BlackRock no mercado de Bitcoin, através do iShares Bitcoin Trust (IBIT), marcou uma nova era na acumulação institucional de Bitcoin.

Desde o seu lançamento em 11 de janeiro de 2024, o IBIT registou um crescimento a um ritmo que poucos antecipavam, não tendo sido igualado por nenhum outro ETF. Em 10 de junho de 2025, a BlackRock detinha mais de 662 500 BTC, o que representa mais de 3 % do fornecimento total de Bitcoin. Aos valores atuais, esta exposição ao Bitcoin ultrapassa os 72,4 mil milhões $, uma cifra impressionante sob qualquer ângulo.

Para referência, o SPDR Gold Shares (GLD) demorou mais de 1 600 sessões de negociação a atingir 70 mil milhões $ em ativos sob gestão. O IBIT conquistou este valor em apenas 341 dias, tornando-se o ETF de crescimento mais rápido da história. Além de ser um marco para a própria BlackRock, este feito demonstra o elevado grau de maturidade do interesse institucional no Bitcoin.

As participações em Bitcoin da BlackRock superam agora as de muitas plataformas centralizadas e até de grandes detentores corporativos como a Strategy. Em termos de propriedade direta, apenas os estimados 1,1 milhões de BTC de Satoshi Nakamoto excedem o IBIT – e essa diferença está a diminuir.

Se os fluxos de entrada mantiverem o ritmo atual, o IBIT poderá vir a tornar-se o maior detentor individual de Bitcoin, alterando significativamente a distribuição da oferta e a concentração da titularidade no mercado de Bitcoin.

Acumulação de Bitcoin pela BlackRock ao longo do tempo

Sabe isto? É a Coinbase Custody, e não a BlackRock, quem detém as chaves privadas dos BTC presentes no IBIT, garantindo o armazenamento offline dos ativos dos clientes, protegidos por seguro comercial.

Porque motivo a BlackRock aposta em força no Bitcoin em 2025?

Por detrás da grande exposição da BlackRock está uma mudança estratégica na forma como encara o Bitcoin: trata-o como um elemento legítimo de carteiras diversificadas e orientadas para o longo prazo.

Estratégia de Bitcoin da BlackRock

A tese interna da BlackRock assume a volatilidade do Bitcoin como contrapartida para o seu potencial de valorização. Com o IBIT, aposta-se que a adoção em larga escala estabilizará o ativo ao longo do tempo, melhorando a descoberta de preços, ampliando a liquidez e diminuindo spreads.

Nesta ótica, o Bitcoin representa uma aposta de longo prazo na evolução monetária e na infraestrutura de ativos digitais.

Esta filosofia, proveniente do maior gestor de ativos mundial, envia um sinal claro ao setor. Reorienta o debate sobre a adoção institucional do Bitcoin, substituindo a questão do “será adequado?” pela de “qual deve ser o nível de exposição?”

Racional de investimento para a acumulação institucional de Bitcoin

A BlackRock salienta vários fatores que tornam o Bitcoin particularmente interessante em 2025:

  • Escassez programada: Com um limite máximo de 21 milhões de moedas e um modelo de emissão baseado em halving, a escassez do Bitcoin espelha a do ouro, mas suportada num sistema digital. Algumas estimativas sugerem que uma parte relevante das moedas existentes está perdida ou inacessível, tornando a oferta efetiva ainda mais restrita.
  • Alternativa à supremacia do dólar: Tendo em conta o crescimento da dívida soberana e a fragmentação geopolítica, a natureza descentralizada do Bitcoin oferece proteção contra o risco fiduciário. É visto como um ativo de reserva neutro, resistente à intervenção governamental e à manipulação monetária.
  • Componente da transformação digital global: A BlackRock considera o Bitcoin um proxy macroeconómico para a passagem de sistemas de valor “offline” para “online” – da banca ao comércio e à transferência intergeracional de riqueza. Na sua perspetiva, esta tendência é “impulsionada” por dinâmicas demográficas, sobretudo com a crescente influência dos investidores mais jovens.

Em conjunto, estes fatores conferem ao Bitcoin um perfil de risco-retorno singular, impossível de replicar nas classes de ativos tradicionais. O enquadramento da BlackRock (o Bitcoin como “fonte adicional de diversificação”) torna convincente a sua integração em portefólios convencionais.

Integração de Bitcoin no portefólio cripto da BlackRock

A BlackRock defende uma abordagem equilibrada, com exposição de 1 % a 2 % numa alocação clássica de 60 % ações e 40 % obrigações. Pode parecer um valor reduzido, mas numa carteira institucional, representa impacto mais do que suficiente para normalizar a exposição ao Bitcoin junto de perfis conservadores.

Adicionalmente, a gestora compara o perfil de risco do Bitcoin ao das ações de elevada volatilidade, como as tecnológicas do grupo “Magnificent Seven”, evidenciando a sua integração nos modelos de portefólio convencionais.

Sabe isto? Subprodutos inesperados (“dust”) de transações Bitcoin no IBIT resultaram na presença de quantidades mínimas de outros tokens. A BlackRock mantém estes ativos numa carteira própria ou doa-os a instituições de solidariedade, evitando assim incidentes fiscais.

O impacto do ETF de Bitcoin da BlackRock

A decisão da BlackRock de acumular mais de 3 % da oferta total de Bitcoin através do iShares Bitcoin Trust (IBIT) é um ponto de viragem quanto à perceção, negociação e regulação do Bitcoin.

O Bitcoin sempre se destacou pela volatilidade, fruto da oferta fixa, do sentimento volátil dos mercados e da incerteza regulatória. Historicamente, a liquidez limitada nos mercados cripto fazia com que grandes operações tivessem forte impacto. Agora, estando o IBIT a absorver centenas de milhares de BTC, a grande questão é se o capital institucional estabilizará ou tornará o mercado mais complexo.

Os defensores do modelo ETF argumentam que o investimento institucional ajuda a suavizar a volatilidade. Com operadores regulados como a BlackRock envolvidos, acredita-se que o Bitcoin se torna mais líquido, transparente e resistente a movimentos extremos.

A própria BlackRock afirma que o alargamento da participação melhora a descoberta de preços no Bitcoin, aprofunda a liquidez de mercado e pode conduzir a uma negociação mais estável ao longo do tempo.

Pelo contrário, críticos – incluindo determinados académicos – alertam que a massificação institucional traz para o Bitcoin riscos tradicionais, incluindo negociações alavancadas, "flash crashes" desencadeadas por algoritmos e manipulação de preço via fluxos ETF.

Nesta ótica, a financeirização do Bitcoin pode trocar um género de volatilidade (impulsionada pelo retalho e pelo FOMO) por outra (risco sistémico alavancado). Além disso, com o crescimento dos ETF, o Bitcoin pode tornar-se mais correlacionado com outros ativos financeiros, reduzindo a sua função como cobertura não correlacionada.

A acumulação institucional de Bitcoin reforça a aceitação mainstream

É inequívoco: a estratégia cripto da BlackRock converteu o Bitcoin de um ativo periférico numa ferramenta de investimento de referência.

Durante anos, o Bitcoin foi desacreditado por grandes instituições financeiras. A exposição significativa da BlackRock ao BTC sinaliza uma mudança de paradigma. O lançamento do IBIT (e a ascensão a um dos maiores detentores mundiais) legitimou o Bitcoin de modo que nenhum white paper ou conferência conseguiu igualar.

ETF como o IBIT oferecem uma estrutura regulada e familiar para exposição, especialmente relevante para instituições preocupadas com a complexidade técnica ou riscos de custódia associados à posse direta de criptoativos. O envolvimento da BlackRock reduz o risco reputacional para outros intervenientes hesitantes. O resultado tem sido a normalização da titularidade institucional de Bitcoin, acelerando a sua inclusão em portefólios tradicionais.

Os investidores particulares beneficiam também: em vez de descodificar carteiras digitais, seed phrases ou comissões de rede, passam a poder investir em Bitcoin com um simples clique nas corretoras tradicionais.

Sabe isto? O fundo soberano Mubadala, de Abu Dhabi, é detentor de uma participação relevante no IBIT, com documentos oficiais a indicar um investimento próximo de 409 milhões $.

A BlackRock detém 3 % do Bitcoin: Um paradoxo crescente

O Bitcoin foi criado para ser uma alternativa descentralizada à banca centralizada. Porém, ao vermos o maior gestor de ativos mundial comprar mais de 600 000 BTC através de um veículo centralizado, deparamos-nos com um paradoxo: um ativo descentralizado a ser cada vez mais controlado por instituições centralizadas.

A maioria dos utilizadores recorre hoje a plataformas centralizadas (CEX), custodiante ou ETF. Estas plataformas são fáceis de usar, garantem segurança (seguro, cold storage) e cumprem as exigências regulatórias (KYC, AML), requisitos vistos como essenciais. Em contraste, soluções como DEX e carteiras de autocustódia apresentam maior complexidade, menos liquidez e menor proteção jurídica.

Assim, embora o Bitcoin seja tecnicamente descentralizado, a maioria das pessoas interage com ele através de camadas centralizadas. A acumulação por parte da BlackRock é disto reflexo: para alguns é uma violação do ideal original de Satoshi; para outros, é um compromisso necessário, uma “centralização do acesso” indispensável para o Bitcoin alcançar relevância global.

Este é o cerne do debate sobre a centralização do Bitcoin: o equilíbrio entre a coerência ideológica e a adoção prática.

Para já, o mercado adota um modelo híbrido, com camadas base descentralizadas e pontos de acesso centralizados.

A corrida à adaptação regulatória

A BlackRock pôde lançar o IBIT graças a uma decisão-chave: a aprovação dos ETF de Bitcoin à vista pela US Securities and Exchange Commission (SEC) no início de 2024, quebrando um bloqueio de anos e abrindo a porta ao capital institucional. Contudo, o ambiente regulatório global continua disperso e, por vezes, contraditório.

Um dos principais desafios do setor cripto é a classificação dos ativos. A SEC mantém posições ambíguas quanto à natureza de vários tokens, como o Ether

ETH$4 734

ou Solana

SOL$207,38

. Esta zona cinzenta regulatória tem atrasado o desenvolvimento de produtos como ETF de staking ou ETP de altcoins, causando incerteza a investidores, programadores e emissores.

Como sublinha a Comissária Caroline Crenshaw, a posição atual da SEC cria “águas turvas” e uma fiscalização reativa, limitando a inovação. Isto tem impacto direto na confiança das instituições para investir para lá do Bitcoin.

Por enquanto, o Bitcoin beneficia de um enquadramento regulatório mais claro. Para que o mercado cripto amadureça – abrangendo ETF de Ether ou produtos associados a DeFi –, será fundamental um quadro regulatório mais estável e alinhado internacionalmente.

As instituições estão prontas – mas exigem regras claras e fiáveis.

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