Às 19h30 (horário de Nova York) do dia 30 de julho, será divulgado um documento muito aguardado pelo setor de criptoativos: o primeiro relatório de políticas de ativos digitais da Casa Branca. Trata-se não apenas da primeira posição abrangente do governo Trump sobre regulação de criptomoedas, mas também de um possível guia para o futuro do setor nos próximos anos.
Esse relatório se destaca em meio ao avanço de projetos de lei e negociações regulatórias, devendo impactar muito além dos aspectos de conformidade.
Em janeiro, o presidente Trump assinou a Ordem Executiva 14178, oficializando a criação do Grupo de Trabalho Presidencial para Ativos Digitais, liderado pelo Secretário do Tesouro. O grupo reúne reguladores-chave como o presidente da SEC e o Secretário de Comércio, e tem como missão avaliar em profundidade o desenvolvimento dos ativos digitais e apresentar recomendações de políticas específicas.
Agora, após 180 dias de preparação, esse relatório histórico está prestes a ser apresentado. Bo Hines, diretor-executivo de Assuntos de Criptoativos da Casa Branca, confirmou nas redes sociais que a publicação oficial ocorrerá em 30 de julho, afirmando: “Os Estados Unidos estão liderando a tendência mundial em política de ativos digitais.”
A escolha do momento é estratégica — legislações de destaque como o GENIUS Act e o CLARITY Act avançam rapidamente. A atuação conjunta entre o Executivo e o Congresso sinaliza com clareza: os EUA deixam de ser espectadores e começam a moldar ativamente a governança dos ativos digitais.
Após anos de incerteza regulatória e supervisão dispersa, a grande expectativa do setor para este relatório é justamente a definição de limites e regras claras.
Cody Carbone, CEO da Digital Chamber of Commerce, explica que o relatório será “o documento fundamental para todas as normas e orientações dos próximos três anos e meio”.
O relatório deve abordar quatro frentes principais:
Carbone ressalta que a oferta de diretrizes claras para “o que pode e o que não pode” elevaria de forma significativa a confiança do setor.
Além de traçar um roteiro regulatório, o relatório deve apresentar a primeira divulgação oficial sobre as reservas em cripto do governo americano — outro ponto muito esperado pelo mercado.
Por anos, circulou online o boato de que o governo dos EUA era o maior detentor mundial de Bitcoin. Segundo o BitcoinTreasuries, a quantia em posse do governo seria de cerca de 198.000 BTC — muito acima de qualquer outro país.
No entanto, quando a jornalista independente L0la L33tz utilizou a Freedom of Information Act (FOIA) para solicitar dados ao Departamento de Justiça, a resposta revelou apenas 28.988 BTC sob controle do órgão. O volume ficou muito aquém das expectativas de mercado, levantando dúvidas: “Quase 170.000 BTC foram vendidos?” (Confira o artigo: Os U.S. Marshals venderam secretamente 170.000 BTC? Está por vir uma recompra em larga escala?)
Um membro da comunidade, Shifu Dumo, apresentou um argumento mais neutro: os dados do FOIA mostram apenas os ativos líquidos sob gestão do U.S. Marshals Service, vinculado ao DOJ. Parte dos BTC pode estar congelada, destinada à compensação de vítimas ou sob domínio de outros órgãos, não aparecendo nos números do DOJ.
Isso sugere que as reservas efetivamente disponíveis como “estratégia nacional de reserva” podem ser significativamente menores do que o imaginado publicamente.
O analista cripto “The ₿itcoin Therapist” questionou publicamente Bo Hines, diretor-executivo de Assuntos de Criptoativos da Casa Branca: “Quanto Bitcoin o governo dos EUA realmente possui? Não é fundamental esse grau de transparência?” O questionamento reflete o desejo de clareza da comunidade cripto.
O novo relatório deve esclarecer o real volume de Bitcoin sob posse do governo dos EUA e explicar oficialmente as “moedas desaparecidas”, possivelmente solucionando uma dúvida que inquieta o mercado há anos.
O setor reagiu de maneira amplamente positiva. Summer Mersinger, CEO da Blockchain Association, avalia que o relatório evidencia o avanço do decreto presidencial voltado ao cripto para uma implementação efetiva.
Ron Hammond, responsável de políticas da Wintermute, afirma que o relatório representa “um passo importante para Trump cumprir suas promessas ao setor cripto”.
Jordi Visser, diretor-gerente da 22V Research, observa que o setor cripto vive um ponto de virada — deixando a “experimentação” para ingressar na “adoção em larga escala” — e compara esse momento ao “ChatGPT das criptomoedas”.
Com a regulação mais clara e a adoção institucional acelerando, o Bitcoin disparou, chegando a superar por instantes US$ 120.000. Na publicação deste texto, permanece acima de US$ 117.000, com valor de mercado total de US$ 3,85 trilhões.
O relatório não é apenas um balanço sistemático das políticas para criptoativos do governo Trump; ele marca um divisor de águas no mercado global. Conseguirá estimular inovação sem abrir mão do controle de riscos? A estratégia americana de reservas voltará a inspirar confiança? As respostas estão prestes a vir à tona.
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